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132-Bioética, prestígio e bom conceito do médico

Estatísticas brasileiras colocam o médico numa alta posição dentro do ranking das profissões mais confiáveis. Esta observação guarda relação com o Princípio Fundamental IV-  Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão, do Código de Ética Médica vigente.

É notório que a atitude de cada médico na assistência, docência, pesquisa e gestão traz reflexos na imagem profissional perante a sociedade. É essencial que o médico tenha em mente que a Medicina é uma ciência e como tal não tem moralidade intrínseca.

A subordinação individual à Ética é tradição transmitida à beira do leito pelo exemplo, onde se situa o eterno laboratório do vínculo médico-paciente, o local onde o médico, ser humano que é, está sujeito, na função, a conflitos de interesse, que se não houvessem, determinaria drática redução dos objetivos do Código de Ética Médica.

É fato que a aplicação do estado da arte pelo médico pode seguir caminhos éticos ou não. As infrações à Ética em todo o território brasileiro têm o potencial de prejudicar o prestígio e o bom conceito da profissão em nosso páis.  A maioria dos médicos brasileiros – estatísticas comprovam- trilha a eticidade da formatura à aposentadoria. Certo percentual complementar, é verdade, tropeça em algum artigo, circunstancialmente, um número reduzido corriqueiramente. É de se ressaltar que a gravidade de uma eticopatia, razão para o cassatório vexaminoso de individualidades, manifesta-se em poucas ocasiões.

À beira do leito, a atenção aos artigos do Código de Ética Médica é pedagógica, embora  aprendizado pelo negativo do caput  É vedado ao médico. A prevenção ideal a ilícitos éticos, entretanto, está no valor da essência ontológica, o caráter e a consciência do médico guiando sua atitude.

Correções de atitude costumam resultar de uma obediência natural aos princípios da Ética, ajustes guiados pela sua identificação à própria intimidade moral, ou seja, os artigos atuam como catalizadores. Pode-se dizer que a Ética dá a estética das atividades no âmbito da Medicina.

Assim, a forma validada com que se dá a condução das atividades é que sustenta o prestígio e o bom conceito da classe médica, a identidade profissional que se deseja bem reconhecida pela sociedade.

É para lembrança constante, que a limitação superior do médico é a Medicina. Ele não pode realizar resultados para os quais carecem os métodos dentro das fronteiras do conhecimento, e ele não pode se esquecer de manter uma comunicação com competência narrativa no decorrer dos acontecimentos do atendimento, pois é o esclarecimento sobre as suficiências e as insuficiências instrumentais que fará a diferença de interpretação sobre a qualidade do seu desempenho profissional.

Insucessos não-médico-dependentes, pois empenho e saber foram aplicados, podem macular, indevidamente, o prestígio e o conceito da profissão por alta emoção de circunstantes e manchetes direcionadoras da opinião pública.

A diligente apuração de causas e de consequências sobre toda suspeita de má conduta por meio dos órgãos competentes é o corretivo efetivo para eliminar as eventuais injustiças ao prestigio da classe médica. Por mais que haja a possibilidade de a resposta à sociedade ser taxada de corporativista, é claro que não há espaço para o corporativismo maligno, aquele que deseja um parecer que inocenta, tão-somente porque o denunciado é um colega de profissão, afinal diploma de médico não é salvo conduto de impunidade.  Mas, sempre cabe e deve ser aprimorado o corporativismo benigno, aquele que sustenta compreensões na medida certa sobre as intimidades de ofício que porventura possam justificar atos fora da esfera direta do médico em si e às quais todos os médicos estão sujeitos perante instituições de saúde e sistema de saúde.

A história da Medicina registra que houve um desserviço à imagem do médico quando a palavra iatrogenia derivou para um sentido predominantemente negativo. É preciso desconstruir a sua conotação de erro profissional e reconstruir sobre alicerces do real significado de iatros (médico). É capital, explicar como a aplicação de métodos da Medicina em prol do benefício pode quebrar a segurança do paciente, uma concepção reforçada a cada inovação.

É essencial que a sociedade entenda que benefícios prudentes e zelosos embutem potencial de males -adversidades ao uso- e que a eventual ocorrência dos mesmos não representa má prática, mas um confronto biológico com interveniência de órgãos e de sistemas vulneráveis a quaisquer influências que não fisiológicas. O efeito bula que faz o paciente não usar um medicamento é didático neste sentido.

Ultimamente, o vigor da Bioética tem contribuído para prover equilíbrio entre a recomendável atenção às necessidades do paciente e suas peculiaridades clínicas, preferências e valores. Este acolhimento é fundamental para a admiração, o respeito e reputação dos médicos.

 

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